1º Parte; III CAPITULO
-Enfim, o Advogado chegou.
Confesso que pensei que não iria me dar à graça de tua presença. – Em pé no
centro da sala com um champanhe nas mãos Wdimário me recebeu com essas
palavras.
Abriu os braços e me
envolveu num abraço fraternal.
- Estava ocupado, muito. Por
isso meu atraso. – Tentei justificar.
- Acredito. – Com os braços
sobre meus ombros se voltou para os ali presentes. – Aquele último sentado
junto a moça de vermelho é o Carlos meu melhor amigo. – Leva-me próximo a
Carlos.
Cumprimento Carlos.
- Prazer.
Depois, Wdimário apresenta
Roberto, Eduardo, Jonas, Felipe, finalmente Evandro todos com suas respectivas
esposas. Dois dos convidados do meu irmão eu os conhecia: o Jonas e o Felipe.
Percebo a ausência da minha cunhada: Sandra.
- Como viu são todos casais.
– Disse me deixando a par da situação. Dito isso, fez um comentário
inconveniente que só não fiquei constrangido por ter personalidade forte.
Wdimário continuou: - Meu irmão é contra casamento. Os motivos até hoje nunca
entendi. Poderia fazer a gentileza de nos explicar as tuas motivações?
- Não acho apropriado. Mas,
sim, não sou contra o casamento como você afirmou, antes não o quero para minha
vida, o que é bem diferente de ser contra. Cada um define suas escolhas, elege
seus sonhos, seus planos, enfim, toma suas decisões. Em outras palavras cada um
define sua vida e não serei eu que vou dizer o que é certo ou o que é errado
nas escolhas que cada um faz para suas vidas, ora são eles que vão vivê-las.
Como posso ser contra? Porém , assim como vocês elegeram suas escolhas , elegi
as minhas. E assim como não posso me levantar contra as decisões eleitas por
vocês, vocês também não podem se oporem as minhas. – Desvencilho-me dos braços
de Wdimário e procuro assento numa poltrona frente ao vídeo game de última
geração que ficava do mesmo lado da TV led de 50 polegadas fixada na parede.
Inconveniência a parte,
lembrei do tempo que era freqüentador assíduo daquela casa. Ás quartas - feira
nos reunia para assistir e torcer pelo Flamengo, outras vezes marcávamos
disputas de vídeo game. Bons dias.
- Wdimário... – Chamei-o. –
Que tal uma partida, antes do jantar?
- O quê? – Wdimário perguntou
muito admirado, dando conotação que meu convite tinha sido algo de outro mundo,
um absurdo total. Deixando-me, assim deslocado.
É verdade que era um evento
formal. Todos ali estavam formais, mas qual o problema de vez em quando fugir a
convenções? Ás vezes as convenções deixam eventos engessados, frios e o fugir
ás regras acaba dando certo sabor especial.
Ao fundo a musica executada
por uma soprano foi substituída por uma suave, instrumental. A faixa era
desconhecida aos meus ouvidos, porém os acordes firmes contrastando pelo toque
gentil do piano dissiparam o deslocamento como também a vontade de esmurrar de
esmurrar a cara de Wdimário.
- Boa noite atrasado. –
Cumprimentou – me uma voz feminina cuja dona eu conhecia, Sandra. Foi Sandra
que havia trocado a música.
- Excelente escolha. –
Elogiei-a pela escolha musical. Aproximei-me dela, inclinei-me e a beijei a
mão.
- Meu cunhado é um
cavalheiro. – Comentou resignada.
- Obrigado.
Sandra estava num vestido
negro longo que a deixava de costa nua realçando não só a beleza, mas também a
jovialidade. Característica que só crescia em demasia frente a Wdimário cuja a
diferença de idade era de dez anos. Enquanto Wdimário completava 40 anos,
Sandra tinha 30 anos.
- Vejo que ainda não ti
serviram. Quer tomar o quê?
- Vou de Champanhe como
todos.
- Ok. Vou providenciar.
Resolvi não contratar ninguém para servir, pois considerei que eu devia fazer
esse mimo para o meu marido, ele merece. Além do que minha sobrinha estar me
ajudando.
- A conheço?
- Não. Não. Ela é de
Turiaçu. Veio fazer Faculdade. Na verdade, ela é filha de um meio irmão. Como
ela vai fazer faculdade e não tem ninguém aqui, em São Luis vou dar essa ajuda
pra o meu irmão. Sussurra não querendo que os demais a escutasse.
Nisto Wdimário chega por
trás de Sandra e atrás para junto de si.
- Minha mulher é
encantadora, não é meu irmão? Imagina que ela dispensou contratar serventes,
porque quer, por ser meu aniversário, cuidar de tudo pessoalmente. Só você
mesmo pra não querer casar. – A última sentença é um ataque desproposital.
- O que estar ocorrendo
contigo? Você tá azedo, inconveniente. A todo o momento bate na mesma tecla: a
minha aversão a casamento. Se não me queria aqui, porque me convidou? –
Terminei de falar educadamente voltei ao meu assento.
Notei que Sandra passou a
repreender Wdimário pelo comportamento mal educado que mantivera comigo, desde
o momento que entrei na sua casa. Tendo conversado serio com o marido, ela fez
sinal para mim que já providenciaria meu champanhe.
Não demorou muito Sandra
retornou.
- Jéssica já vai te servir
meu cunhado.
- Obrigado.
- Desculpas.
- De que, por quê?
- Pela intransigência de
Wdimário.
- Eu só queria entender o
por que .
- Não posso te dar essa
resposta, porque eu também não sei.
- Ele gostou do meu presente?
– O presente havia enviado à tarde. Uma coleção de jogos raros de vídeo games,
além dos melhores momentos do Flamengo tendo como fundo musical “Esses moços,
pobres moços”, que era a nossa musica cujo valor em nossas vidas era
inenarrável.
- Gostou sim. Muito,
presumo.
- Poderia colocar, depois “Esses
moços, pobres moços”?
- Certamente. - Sandra era
uma mulher elegante, sofisticada, que sabia se vestir, falar. Sobretudo a
maneira de se mover quase que deslizando pela suavidade dos passos, era encantador.
Enquanto Sandra conversava
comigo Wdimário fazia sala para os demais. O fato é que não se aproximou mais
de mim. O que considerei prudente, uma vez que bastava nos aproximar para se
tornar impertinente. E se fosse para me atacar, mas, antes manter distancia.
- Esse champanhe tá
demorando. – Reclamei.
- Vou verificar. – Quando
Sandra fez menção de se movimentar rumo a cozinha a fim de verifica o porquê da
demora da minha bebida, eis que surge uma moça com um balde de gelo com
champanhe e uma taça a mão. Supuis imediatamente de se tratar de Jéssica, a
sobrinha da minha cunhada. Uma vez que a bebida já vinha Sandra parou ao meu
lado.
- Jéssica já tá vindo com
tua bebida. – Disse Sandra confirmando, assim a minha suposição.
Meus olhos de repente
ganharam independência, e passaram a admirar aquela beleza rara, inocente e
casta como se estivesse sedento por água e cuja água capaz de aplacar a sede
era Jéssica. Só ela era capaz de saciá-los. Como em câmara lenta era vinha na
minha direção com um balde de gelo com champanhe nas mãos. Usando um vestido
florido, fino que delineava as curvas do corpo, embora nada extravagante, a tia
que se encontrava ao meu lado. Obviamente, o vestido não era de alta costura,
revelava que não sabia se vestir formalmente, além do que Supuis aquele vestido certamente dentro de sua posse
, que era mínimas, o mais caro entre as peças que tinha, pois de fato era
evidente que era pobre.
Mesmo assim sua formosura
dava a roupa um sentido de exuberância, porque Jéssica era exuberante. Foi
aparecer na sala cativou todos os olhares.
Uma mulher, realmente linda: Cabelo passando do pescoço cortado em V,
rosto suave, olhos grandes, lábios carnudos, seios fartos, porte que na minha
avaliação sorrateira a tornava adequada para o meu tamanho, uma vez que também
eu era alto.
O que mais me chamou atenção foram os lábios
de Jéssica, grandes, carnudos reluzindo a base de brilho labial, enfim um
convite a tentação cujo efeito na hora sentir se agitar na cueca, pois o volume
aumentou, pulsou revolto querendo, almejando aquela boca sensual, saborosa,
gostosa.
- Jéssica coloca o balde na
mesinha de centro e sirva o meu cunhado.
Sem dizer uma palavra fez
segundo a recomendação de Sandra, que permanecia ao meu lado. Na hora que fui
receber a taça com Champanhe meus dedos roçaram os dela e me queimaram
veementemente como brasa em carne provocando arrepios, a adrenalina propagou-se
pelo meu corpo e concentrou-se no coração, de modo que bateu descompassado,
alto tão alto que pensei que as duas ouviram o bater do meu coração.
- Essa é minha sobrinha
Cassios.
Cumprimentamo-nos. Trocamos
no rosto dois beijinhos. O que violentamente piorou o frenesi provocado em mim
quando rocei o rosto dela. No encontro de nossos rostos pude inalar o cheiro, o
perfume saboroso de mulher que agrada os mais exigentes dos olfatos. Corei,
pois sentir a chama do meu desejo me consumir. As chamas maltrataram minha
calma, minha racionalidade, assim procurando fugir do fogo do desejo tomei a
champanhe num gole, almejando incessantemente que a champanhe me refrescasse do
fogo insuportável que devorava a minha sanidade.
- Estava realmente querendo
champanhe. – Asseverou Sandra, após me ver emborcar o liquido da taça de uma
vez só indiferente á regra de etiqueta.
- Sim. – Confirmei
desnorteado por tanta exuberância reunida numa só pessoa.
- Meu nome é Jéssica. – Os
lábios carnudos se moveram usando palavras firmes, seguras.
Linda, inocente e segura era
qualidade reunida numa mulher os quais me fascinava. “ Meu nome é Jéssica” dito
de forma sem titubear revelou que Jessica não era apenas um corpo bonito, ela
tinha personalidade, sabia o que queria e as circunstancia não a intimidava.
Sentir da parte de Sandra em
relação à Jessica certa hostilidade cujo efeito foi despertar em mim o desejo
de acolhimento, o desejo de tomá-la no colo, de protegê-la de Sandra, do mundo.
Foi revelar seu nome e nos
deixou direto para cozinha. Segundo depois uma senhora de uns 50 anos, gorda,
cabelo negros cortados de um jeito quase masculino, fez sinal chamando Sandra,
que por sua vez atendeu imediatamente. Conversaram.
- Senhores, senhores vamos à
mesa. – Sandra após conversar com a senhora de 50 anos nos intimou ao jantar.
Os lugares a mesa eram
nominados. A cabeceira, claro, estava Wdimário, por sua vez, Sandra e eu
vínhamos em seguida ocupando cadeiras que nos colocavam frente a frente. Notei
que não havia lugar á mesa reservado a Jessica, porém não disse nada.
Quando todo á mesa Sandra se
levantou.
Iniciou:
- Antes de a Jessica servir
a entrada, quero dizer algumas palavras ao meu marido. – Ganhou a atenção de
todos. – 40 anos de vida, e há 10 anos somos casados. O que quero te dizer amor
é que ter você nestes 10 anos não significa que estou isenta de, às vezes,
querer cair fora, de querer desistir de tudo, ou ainda de te dar uns socos. Não
significa que não terei problemas, que as dores não baterão a minha porta. Não
significa que não vou olhar para outro cara, ou que não vou mais sofrer.
Mas com você significa que
mesmo havendo tudo, com você... Tenho plena certeza não vou cair fora, não vou
ceder ás dores, ao sofrimento, porque você estar comigo. Mesmo que ache outros
bonitos, ainda assim esses outros continuarão sendo só outros, porque não
possui teu sorriso, teu cheiro, teu carinho, enfim, não são: você. – Uma
lágrima rola pelo canto dos olhos de Sandra.
A consternação envolveu ás
esposas ali presentes, fazendo-a suspirar num desvario romanesco muito piegas,
próprio de mulheres de meia idade.
- Feliz aniversario amor. –
Concluiu Sandra emocionada.
- Obrigado amor. – Selaram o
discurso com um leve beijo na boca.
Voltaram-se aos seus
assentos.
- Pode servir Jessica.
Não gostei de Jessica estar
comprometida com essa parte do serviço, afinal foi Sandra que optou por não
contratar profissionais para executar esse tipo de serviço e o fez tendo como
argumento que era um mimo para o marido, agora via que Sandra não fazia nada,
de fato Jessica era a empregada. Injustiça era a palavra adequada para defini
aquilo.
Jessica e a Senhora de 50
anos nos serviram. Quando provei a entrada, uma sopa leve de legumes, senti o
roçar de um pé na minha perna direita que devargarinho foi subindo, subindo e
parou tão de repente quanto começou. Neste instante, lembrei o porquê da decisão
que tomei de fugir da casa do meu irmão.
Desde do noivado do meu irmão com Sandra tínhamos um
caso alternativo, dito de outra maneira, não éramos namorados, não tínhamos um
relacionamento, portanto não era um triangulo amoroso haja vista que nem amor
existia. Havia tesão, o que tínhamos era algo visceral, que pode ser definido
em uma palavra, sexo.
Não podíamos nos encontrar
que trepavamos. Até que querendo viver bem com a minha consciência resolvi me
afastar não só da casa, como também do meu irmão e conseqüentemente da minha
cunhada.
Continua...